Por que Maria é chamada de “Mãe de Deus”? Entenda a Doutrina da Theotokos

Por que Maria é chamada de “Mãe de Deus”? Entenda a Doutrina da Theotokos

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A expressão “Mãe de Deus” sempre despertou curiosidade e, às vezes, até confusão. Muitos se perguntam: como Maria pode ser mãe de Deus se Deus é eterno?
Portanto, a resposta está no coração da fé cristã, em uma doutrina antiga e profunda chamada Theotokos — termo que resume um dos maiores mistérios da Encarnação.

Neste artigo, você vai entender por que a Igreja chama Maria de Mãe de Deus, o que significa Theotokos, e como essa verdade revela a divindade de Cristo.

O que significa “Theotokos”?

A palavra Theotokos (Θεοτόκος) vem do grego e é composta por duas partes:

  • “Theos” significa Deus
  • “Tiktein” significa gerar, dar à luz

Portanto, Theotokos quer dizer literalmente “Aquela que gera Deus” ou “Portadora de Deus”. Contudo, é importante compreender que Maria não criou a divindade, mas gerou, segundo a carne, aquele que é o próprio Deus encarnado — o Verbo eterno feito homem (cf. João 1:14).

Assim, chamar Maria de Mãe de Deus não é exagero, mas afirmação da fé cristã na união divina e humana em Jesus Cristo.

O Concílio de Éfeso e a proclamação de Maria como Mãe de Deus

 O Concílio de Éfeso e a proclamação de Maria como Mãe de Deus
O Concílio de Éfeso e a proclamação de Maria como Mãe de Deus

A expressão Maria Mãe de Deus foi proclamada oficialmente no Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Naquele tempo, Nestório, patriarca de Constantinopla, afirmava que Maria deveria ser chamada apenas de Mãe de Cristo (Christotokos), porque teria gerado somente a humanidade de Jesus.

Em oposição, São Cirilo de Alexandria defendeu que Cristo é uma única Pessoa divina com duas naturezas — humana e divina — inseparáveis.
Portanto, o Filho que Maria gerou é o mesmo Deus eterno feito homem.

O concílio confirmou essa verdade e declarou solenemente:

“Se alguém não confessa que o Emanuel é verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus (Theotokos), seja anátema.”

Desde então, Theotokos tornou-se um título de fé essencial, reconhecido por católicos, ortodoxos e até por muitas tradições reformadas.

A base bíblica do título “Mãe de Deus”

A doutrina da Theotokos não surgiu de tradição humana, mas tem fundamento direto na Escritura.

1. Lucas 1:43

“Donde me vem esta honra de vir me visitar a mãe do meu Senhor?”
Aqui, Isabel, cheia do Espírito Santo, chama Maria de mãe do meu Senhor.
No original grego, Kyrios é o mesmo termo usado para Deus. Assim, Isabel reconhece o Filho de Maria como o próprio Deus.

2. Gálatas 4:4

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher.”
Paulo deixa claro que o Filho enviado por Deus nasceu de uma mulher real, mostrando que o mesmo Filho divino entrou na história humana através de Maria.

Portanto, Maria é Mãe de Deus não porque deu origem à divindade, mas porque deu à luz o Filho eterno de Deus feito homem.

A importância teológica de Maria Mãe de Deus

Por que Maria é chamada de “Mãe de Deus”? Entenda a Doutrina da Theotokos

1. Afirma a divindade de Cristo

Chamar Maria de Mãe de Deus é, antes de tudo, reconhecer que Jesus é Deus verdadeiro desde o seu nascimento.
Assim, negar o título seria negar a própria divindade de Cristo.

2. Afirma a unidade da Pessoa de Cristo

Jesus não é “duas pessoas” (uma divina e uma humana), mas uma só Pessoa divina com duas naturezas.
Logo, o Filho que Maria gerou é o mesmo Verbo eterno que existia antes de todos os tempos.

3. Afirma o mistério da Encarnação

A Theotokos lembra à Igreja que Deus entrou na história humana, assumindo nossa carne, nossas dores e nossa humanidade por meio do “sim” de Maria.

O testemunho dos Padres da Igreja

Vários santos e teólogos antigos defenderam o título Theotokos com profundidade e coragem.

  • São Gregório Nazianzeno (séc. IV) escreveu: “Se alguém não reconhece Maria como Mãe de Deus, está separado da divindade.”
  • São Tomás de Aquino explicou: “A maternidade de Maria se refere à Pessoa, e não apenas à natureza.
    Como a Pessoa de Cristo é divina, Maria é verdadeiramente Mãe de Deus.”

Esses testemunhos mostram que o título não é apenas devocional, mas doutrinário — ele sustenta a verdade sobre quem é Cristo.

O significado espiritual da Mãe de Deus

Além da teologia, Maria Mãe de Deus nos ensina o valor da fé e da obediência.
Seu “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38) abriu o caminho da salvação.
Ao acolher o Verbo em seu ventre, ela tornou-se ponte entre o Céu e a Terra.

Ser Mãe de Deus é, portanto, ser modelo de entrega total à vontade divina.
Em Maria, vemos o exemplo da humanidade redimida que colabora com o plano de Deus.

Theotokos e a atualidade da fé cristã

Em um mundo cada vez mais secularizado, a doutrina da Theotokos continua essencial.
Ela recorda que a fé cristã não é uma ideia abstrata, mas um encontro real com o Deus que se fez homem. Assim, Maria, como Theotokos, nos lembra que Deus escolhe agir através do humano — do pequeno, do simples, do coração aberto.
Portanto, sua maternidade divina é um sinal de esperança, mostrando que a graça de Deus pode transformar nossa humanidade.

Como explicar Maria, Mãe de Deus?

Explicar Maria, Mãe de Deus é compreender o mistério da Encarnação: o fato de que Deus se fez homem em Jesus Cristo, sem deixar de ser Deus. Maria tem este titulo porque gerou, segundo a carne, o Filho eterno do Pai, aquele que é plenamente humano e plenamente divino. Ela não é mãe da divindade em si, mas mãe da Pessoa divina de Jesus, que possui duas naturezas inseparáveis — a humana e a divina. Assim, quando a Igreja proclama a mesma, não exalta uma criatura acima do Criador, e sim confessa que o próprio Deus entrou na história humana através de uma mulher.

Conclusão: Maria Mãe de Deus, sinal da Encarnação

Chamar Maria de Mãe de Deus é afirmar a divindade de Cristo e o mistério da Encarnação.
É reconhecer que o mesmo Deus que criou o universo quis nascer de uma mulher, partilhar da nossa humanidade e nos conduzir à vida eterna.

Por isso, desde os primeiros séculos, a Igreja repete com fé e ternura:

“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.”

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